Os raios solares deixam marcas não só na pele, mas também nos olhos. Vista cansada, tontura, fotossensibilidade, aceleração da cegueira e catarata: os óculos de sol tanto podem ajudar na prevenção de doenças oculares, como podem estimular a evolução de determinadas patologias.
"É melhor não usar nada, do que óculos de sol sem proteção", afirma o oftalmologista Fabrício Witzel, médico do departamento de oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina USP.
"Os óculos escuros dilatam a pupila de 20 a 30 vezes o seu tamanho normal, fazendo com que o olho vire um alvo fácil para a entrada da radiação UVA, UVB e UVC. Se os óculos não possuírem as devidas proteções exigidas pelo INMETRO, eles não só não protegem, como prejudicam a visão do usuário", afirma o especialista.
Mas fique tranquilo: não é preciso gastar muito para ter óculos de sol de qualidade, já que a película de proteção é um componente barato. O que encarecem os óculos de sol são a marca, estilo e tendência de moda.
"Já ouvi casos de óculos de sol comprados no exterior sem filtro de radiação, como também de óculos de barraquinha com as proteções exigidas", afirma Witzel.
O grande perigo das radiações UVA, B e C é o fato de não serem percebidos através de nenhum dos sentidos humanos, diferente da radiação infravermelha (que oferece a sensação de calor).
Fonte: Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Óculos escuros sem as devidas proteções podem queimar a córnea e a conjuntiva, além de aumentar o desenvolvimento da catarata e da degeneração macular relacionada à idade (doenças que induzem a cegueira).
Para ter a certeza de que o produto adquirido é saudável, uma simples visita à ótica e o consumidor saberá se seus óculos possuem a qualidade ótica ideal exigida pelo INMETRO.
Modelos e tons ideais
A tonalidade da lente impacta na proteção dos raios solares? Sim. "Durante o verão, quanto mais escura a lente, melhor", garante Fabrício Witzel.
As lentes cinzas ou esverdeadas filtram a luminosidade e são indicadas para serem utilizadas na cidade em dias ensolarados. Já durante o inverno, lentes marrons são as ideais por clarear a visão.
As lentes amarelas são indicadas apenas para uso noturno, já que proporcionam maior qualidade de visão. Já durante o dia, elas podem aumentar a captação de luz, gerando maior dano ocular.
Já as lentes azuladas são boas no uso de equipamentos eletrônicos porque filtram a radiação azul emitida por eles.
Os modelos ideais para serem utilizados tanto na praia quanto na cidade são os maiores, por protegerem os olhos de maneira mais eficaz. Na praia ou durante a prática esportiva, os modelos fechados nas laterais evitam que os olhos sejam atingidos por sujeira ou a areia que o vento carrega.
"Certos cuidados são básicos, válidos para todas as idades e podem evitar problemas: mesmo em dias nublados, deve-se sair à rua com óculos dotados de filtros de proteção UVA, UVB e UVC", finaliza Witzel.
Saúde ocular
Dr. Fabrício Witzel alerta também sobre os principais cuidados para manter os olhos saudáveis. A primeira visita ao oftalmologista deve acontecer ainda na infância, por volta dos três anos de idade. Segundo o especialista, algumas doenças oculares, como o estrabismo, podem ser recuperadas apenas nesta fase da infância - senão o dano visual gerado será para o resto da vida.
"A boa saúde ocular da criança garante seu aproveitamento escolar, que é totalmente abalado caso haja alguma dificuldade de visão", analisa o médico do Hospital das Clínicas da USP.
Já na juventude e idade adulta, algumas das principais doenças oculares são a miopia, o astigmatismo e o ceratocone (deformação da córnea, frequente em pessoas com alergias nos olhos), dentre outros.
Pouco usados, mas também muito importantes, são os óculos de proteção, que deveriam ser utilizados para a realização de trabalhos domésticos corriqueiros. "É altíssimo o índice de traumas oculares na vida adulta ocasionadas por situações simples do cotidiano, que vão desde cortar a unha até colocar um prego na parede", revela o médico.
Sobre o Dr. Fabrício Witzel
Médico do Departamento de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina USP e responsável pela Clínica Ocular Max Care. Especialista em Córnea, Catarata e Cirurgia Refrativa, Witzel se graduou e possui doutorado pela USP e pós-doutorado pela Cleveland Clinic Foundation (EUA). Publicou diversos artigos científicos e colaborou com as obras "Guia Prático de Cirurgia Refrativa", "Ocular Therapeutics - An Eye on New Discoveries" e "Ocular Disease - Mechanisms and Management".